No ano de 2020


Hoje vamos falar do filme “No mundo de 2020”, ou Soylent Green, seu nome em inglês. É uma produção dos anos 1970 que oferecia, então, uma visão de um futuro bem distante, ambientada no ano 2022, o qual agora está bem ali, na esquina.

O filme mostra o que pode acontecer num mundo onde o homem promove um sistemático processo de destruição da natureza e de si mesmo. Naqueles dias, em 1973, falava de um amanhã longínquo demais, pura ficção científica. E, como sempre acontece com a arte - que é a antena do humano – mostra o quanto o sistema capitalista de produção pode ser engenhoso e sagaz nas soluções que encontra para continuar se reproduzindo e lucrando com a maioria.

A história se desenrola a partir de uma investigação do detetive Robert Thorn, interpretado pelo lindo Charlton Heston, que em meio a uma crise de fome na cidade onde vive, investiga o assassinato de um executivo de uma empresa que produz comida sintética, uma espécie de tablete verde, conhecido como Soylent Green, aparentemente produzido a partir de algas modificadas. Nos anos 70 a fome mostrada no filme aparece como estarrecedora, mas, hoje, apareceria como estranhamente natural.

O ano da história é 2022 e a Terra está bem transformada. Na cidade de Nova Iorque, onde o filme é ambientado, vive gente demais, e o efeito estufa faz com que o calor seja algo insuportável. Na cidade populosa, os ricos se esbaldam em condomínios de luxo, onde belas mulheres são parte da mobília. Os pobres, como sempre, se amontoam nos lugares insalubres. Mas a comida está escassa para todos. Coisas naturais como frutas ou carne são impensáveis e só chegam mesmo na mesa dos ricos. Aos pobres resta o tablete verde, a ração. É nesse cenário que Robert começa sua investigação e na caminhada para descobrir o assassino, ele acaba desvendando um terrível segredo sobre a fabricação da ração humana.

Tudo se desvela quando seu companheiro de moradia, que já está velho, precisa ir para um lugar onde vão os velhos quando chegam uma certa idade. A retirada é obrigatória. Robert não se conforma e vai tentar descobrir a sorte do amigo. Mas, o que descobre é a matéria prima da ração que alimenta toda a cidade.

Soylent Green é um filme perturbador e encerra uma grande lição. Até onde podemos ir com a destruição? E até quando vamos permitir que uma parcela tão pequena da humanidade decida sobre a vida da maioria?

Esse é um filme que nos assombra e nos mobiliza. Vale ver.

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