Quem somos
Seres alados, mágicos, visionários,
malucos, fazedores de jardins, espalhando seus temores e dores e amores e
segredos e sonhos e utopias e terrores e esperanças e esperanças e esperanças.
Propondo, num mundo de fugitivos, caminhar de volta para casa. Juntos, em
comunhão, dando unicamente a sua palavra.
Manifesto dos loucos e poetas da
Companhia dos Loucos
Esta é uma ideia
que vem se colocar na outra mão da história. Enquanto milhares de pessoas
gastam energias competindo com seus colegas, sonhando com fama, ouro, ferraris
e apartamentos de cobertura, nós decidimos que não pode haver nada mais belo do
que viver em comunhão. Com-viver, co-sonhar, co-realizar, co-desejar... juntos,
comungando o sagrado direito da vida feliz.
Nosso espaço
é o mundo das letras, das palavras. Somos construtores de jardins, não esses,
comuns, unicamente de flores. Nossos jardins são, justamente, pedaços de um
maior, o grande, o mundo em que queremos viver. De riquezas repartidas, livre,
justo, pleno. A preciosidade que temos é nossa capacidade de evocar o poder das
palavras, fazê-las andar, iluminar caminhos, transformar realidades.
A
matéria-prima da nossa riqueza é a força da palavra criadora, dabar. Mas,
muitas vezes, no mundo competitivo, nossa palavra é castrada, quebrada,
mutilada, calada, censurada, em nome de coisas tantas como lucro, mercado,
capital. A palavra que escapa dos nossos jardins não é palavra mansa. É
selvagem, indomável, perigosa, porque não se propõe adoçar nem dourar o que
dói. Ao contrário. Mesmo quando doce, terna, ela queima porque diz da dor, do
segredo, do amor, do ainda-não, do não e de um outro sim. É palavra incômoda
que narra o mágico e o real sem retoques. Por isso não cabe em editoras e casas
de livros. A palavra livre não tem por onde se espraiar no mundo daqueles que
se acham no direito de só deixar escapar as que são aceitas pelo grande deus
mercado. Não sabem eles que a palavra livre é livre. E que as coisas e seres
livres ninguém aprisiona, porque a liberdade não mora no corpo, mora no desejo
de ser.
A Cooperativa
da Palavra nasce desse desejo de ser livre e se deixar voar. Ela se propõe a
fazer andar a palavra que constrói e destrói, a palavra invencível, caminhante,
viandante. Não é empresa, não é editora registrada, não quer lucro, nem fama.
Só quer deixar que as selvagens palavras saiam galopando num livro para que a
eternidade se aposse delas. É cooperativa da palavra e de palavra. Nela, só o
que se pede é a palavra. Cada membro dá sua palavra de que vai ajudar em algo. Na
edição, no desenho, na diagramação, nas letras, no dinheiro para pagar a
gráfica, no que for. Toda contribuição é bem-vinda. Depois, cada um dá a
palavra de que vai fazer circular e pronto. Está feito!
A cooperativa
da palavra vai oferecer ao mundo a Companhia dos Loucos. Seres alados, mágicos,
visionários, malucos, fazedores de jardins. Eles vão espalhar seus temores e
dores e amores e segredos e sonhos e utopias e terrores e esperanças e
esperanças e esperanças. Porque só os loucos e os poetas se propõem a, num
mundo de fugitivos, caminhar de volta para casa. Juntos, em comunhão, dando
unicamente a sua palavra.
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