Tomates Verdes Fritos


A dica de hoje é um filme dos anos 90, Tomates Verdes fritos, protagonizado por duas mulheres incríveis: Jessica Tandy e Kathy Bates. Elas se encontram por acaso num asilo e deste encontro fortuito nasce uma amizade. E a amizade das duas faz com que uma delas, a velhinha, representada por Jessica Tandy, comece a contar a história de outras duas mulheres que desafiaram os padrões da vida feminina nos anos 30.

O filme vai se desenrolando em duas frentes. Uma conta a história das duas amigas nos anos 30 e a outra vai descortinando os medos e os limites da personagem de Kahty Bates, uma mulher presa a um casamento que já não tem mais sabor.

A receita do drama é simples: a vida mesma, seus desafios e a potência que tem uma grande e verdadeira amizade. Assistindo ao filme e caminhando com essas quatro mulheres, em épocas distintas, vai-se descortinando a própria vida e vai brotando o desejo de ser quem se é, sem medo de coisa alguma.

Tomates Verdes fritos é um filme que nos carrega para lágrimas e risos, além de apresentar a dura cultura do sul dos Estados Unidos, no Alabama, estado famoso pelo racismo. E a história das duas mulheres que nos anos 30 desafiaram todas as regras leva a senhora, personagem de Kathy Bates, a uma virada radical na própria vida.

O filme foi produzido em 1991 e teve a direção de John Avnet que conseguiu dar a medida certa de sensibilidade, alegria, tristeza e coragem. Fala de racismo, de conservadorismo e de amor, o amor compromisso, que transcende ao sexo. É bastante previsível no seu final  , mas ainda assim, para quem gosta de coisas sensíveis, é uma boa pedida. Todas as quatro mulheres que dão vida ao filme estão incríveis, com as também maravilhosas Mary Stuart Masterson e Mary-Louise Parker dando vida as mulheres dos anos 30.


Pátria


Assisti, vidrada, o maravilhosos documentário “Pátria”, baseado na trilogia do escritor, jornalista e sindicalista espanhol Paco Taibo II, que conta sobre o extraordinário período da chamada Revolução Liberal, no México, liderada por Benito Juárez. O documentário é feito pelo próprio Paco, que vai caminhando pelo México, mostrando o processo que levou os traidores mexicanos a buscar, na Europa, um rei para o país. Paco vai mostrando como Benito chega ao poder, como é derrotado pelo exército francês em 1861 e como o México recebe Maximiliano, um rei-fantoche, escolhido por Napoleão III, da França, para governar os destinos dos mexicanos.

Foi Benito Juarez, um índio, com seu governo itinerante, rodando em sua mítica carruagem pelas estradas poeirentas do México, quem impôs uma sistemática resistência ao exército invasor. Os franceses chegaram a utilizar mais de 60 mil homens na tentativa de garantir o México para a França. Não conseguiram. Essa saga, que durou 15 anos, é contada por Paco no documentário. Ele mostra o que chama de “milagre”, porque, afinal, todas as condições materiais apontavam para uma derrota. Não havia qualquer possibilidade de um país atrasado, de população indígena (considerada também atrasada), sem armamento adequado, enfrentar e vencer o maior exército da terra à época. Pois foi o que aconteceu.

Os mexicanos botaram os franceses para correr e fuzilaram Maximiliano. Mostraram à Europa que não haveria mais nenhuma aventura colonial naquele chão. E Benito Juárez voltou à cidade do México para governar o país.

É uma história extraordinária que nos mostra, de maneira absoluta, que não há nada mais poderoso do que a vontade de um povo livre. Quando o documentário termina a sensação que fica é de profunda alegria e a certeza de que vale a pena lutar.