Um retrato de mulher


A dica de hoje viaja para o passado, lá nos anos 1940, trazendo um filme da era de ouro do cinema. É o “Um retrato de mulher”, dirigido pelo austríaco/alemão Fritz Lang, enquadrado no gênero noir, uma espécie de subgênero dos filmes policiais e de suspense, bastante influenciado pelo expressionismo alemão. Consta inclusive que Lang teria sido convidado por Hitler, que era um amante do cinema, para fazer filmes de inspiração nazista. Foi aí que ele fugiu para Paris, chegando depois aos Estados Unidos.   

Um retrato de mulher mostra um momento da vida do professor Richard Wanley, interpretado por Edward G. Robinson, que dá aulas na Faculdade Gotham, em Nova York. Ele e os amigos ficam obcecados por um retrato de mulher visto numa galeria de arte, perto de um clube para cavalheiros que frequentam. Pois uma noite, depois de muita conversa sobre ela, Richard posta-se em frente ao retrato para mais uma mirada, e eis que ali aparece a misteriosa  modelo, interpretada por Joan Bennett. Eles iniciam uma conversa, que começa em um bar e continua na casa dela, onde ela lhe mostra o esboço de outros desenhos. Tudo vai bem até que aparece o então namorado da modelo que, enciumado, agride o professor. Richard consegue se esquivar, mas acaba matando o homem com uma tesoura.  

A partir daí o que poderia ser um encontro de amor vai se enredando numa trama de suspense, com os dois tentando esconder o corpo, livrar-se de um chantagista e buscando driblar a polícia. Ele mesmo acompanha as buscas e todo o trabalho de investigação junto com um amigo do clube, até que alguns pequenos detalhes vão colocando o professor como o principal suspeito. Sua vida de pequeno-burguês vai se desmoronando. 

É um filme bastante intrigante, com um roteiro bem amarrado e um final inusitado. Feito em preto e branco foge completamente da estética a qual estamos acostumados, a qual prioriza mais os efeitos que a trama. Em “Um retrato de mulher”, o que vale mesmo é o roteiro, a direção e o trabalho dos atores. Para quem gosta de fuçar o passado é uma boa pedida.  


Chocolate


Para quem gosta de romance a dica é uma série coreana chamada Chocolate. Ela traz a história de um amor que começa na infância e que vai se perdendo no tempo por conta dos caminhos que cada criança vai trilhando. Crescidos, eles voltam a se encontrar, mas apenas a moça o reconhece. Ele é médico e ela uma mulher em luta com seus dramas e traumas. Ao longo da série eles vão se reaproximando e se redescobrindo, ainda que cada um tenha de viver e enfrentar seus próprios demônios. 

A série não apenas reproduz uma história de amor e seus percalços, mas também dá uma boa visão da sociedade sul-coreana na qual ainda é muito forte o autoritarismo da família, dos mais velhos, dos homens e o valor das tradições. 

Chocolate centra sua narrativa no amor de Lee Kang e Moon Cha Young, mas também apresenta outros dramas paralelos, igualmente envolventes, tais como o do primo do protagonista, ensinado a odiá-lo por conta da herança familiar, o da mulher do diretor do hospital que tem Alzheimer e os dos pacientes no dispensário que atende doentes terminais no qual finalmente Lee e Moon Cha vão reconectar seu amor. É uma série cheia de pequenas ternuras, de delicadezas típicas da cultura oriental e repleta de momentos emocionantes. 

É uma história de amor, destas bem dramáticas, mas que vai se desenrolando para um final feliz, no qual cada personagem consegue ultrapassar as dores e encontrar novos caminhos de alegria e bem-viver. Um seriado para almas leves. Tem no Netflix.