Sem Destino - Easy Rider



O filme Sem Destino foi lançado em 1969 num tempo em que os Estados Unidos viviam a ascensão da contracultura, o movimento hippie e a ideia de paz e amor. Eram anos duros para a juventude, chamada todos os anos para uma guerra estúpida, a do Vietnam, que cobrou milhares de vidas. Daí esse movimento, no qual se engajavam aqueles que não queriam perder a vida por conta da ganância de alguns governantes. Cabelos longos, calças jeans, comunidades alternativas, uma revolução para um país tão racista e atrasado no campo da moral.

Sem Destino mostra a história de dois jovens motoqueiros que saem em viagem rumo ao sul dos Estados Unidos. O destino é Nova Orleans onde querem celebrar o Mardi Gras, um dos carnavais mais famosos do mundo. Bancam a aventura com a venda de drogas que conseguiram no México, as quais levam em mangueiras, dentro dos tanques de gasolina.

Rodam pelas estradas solitárias do sul, passando pelos lugares mais bonitos do país. E encontram pessoas que vão discutindo os temas polêmicos da época: as drogas, a vida fora da roda do consumo, uma nova moral, um novo jeito de ser  no mundo e, principalmente, a liberdade. Coisas que não encontram morada no coração e nas mentes dos conservadores moradores do sul.

A aventura se complica justamente por conta do preconceito e do medo que as pessoas sentem dos diferentes. A morte chega, implacável, mostrando que a liberdade tem um preço alto demais. É uma história que se encaixa incrivelmente nos tempos atuais, no Brasil atual, onde o ódio cego pelo que não se entende tem crescido demais. Ver o filme é como mergulhar na vertigem do hoje, no horror do hoje, do nosso tempo.

O roteiro foi escrito por Peter Fonda e a direção é de Dennis Hopper, ambos também protagonistas do filme. Pode-se ver também um Jack Nicholson bem jovem , fazendo o advogado bêbado que larga tudo e segue com os motoqueiros esperando fugir do cotidiano atroz de uma pequena cidade. Suas cenas são as mais tocantes, com especial destaque para a última delas, diante da fogueira, lembrando aos motoqueiros hippies que as pessoas preferem matar o que não entendem.

Ver Sem Destino não é embarcar numa viagem datada, para os anos 1960. Não. Ver Sem destino é encontrar aqui e agora a cara medonha do ódio, do medo, do preconceito e da discriminação. O final é aterrador. E absolutamente atual.