Corisco e Dadá




A dica de hoje é o filme brasileiro, roteirizado e dirigido pelo cearense Rosemberg Cariry, Corisco e Dadá. Lançado em 1996 ele conta parte da história do segundo mais famoso cangaceiro do sertão, Cristiano Gomes da Silva Cleto, conhecido como Corisco, o diabo loiro. A trama começa quando Corisco vai atrás de um homem que julga tê-lo traído. Lá, vê a filha do cabra, então com 12 anos. É Dadá. Para vingar-se decide levá-la com ele para o cangaço. A relação dos dois, que iria durar até a morte começa com um brutal estupro que quase mata a menina. Mas, ela se salva e segue com ele pelos caminhos do sertão.

O filme acontece a partir de uma história contada por uma mulher, a inesquecível Regina Dourado, na beira do mar, em algum lugar no nordeste. E ela quem vai lembrando as passagens de brutalidade, amor e ódio do cangaceiro, amigo dileto de Lampião. Mostra que apesar de toda a violência que perpassa a relação de Corisco e Dadá é ele quem vai ensiná-la a ler, escrever, fazer contas e atirar. Acompanhar a saga dos dois é se embrenhar pela dolorosa vida dos sertanejos do início do século vinte, quando toda a terra do sertão estava tomada pela violência dos coronéis, da polícia e do cangaço. Para as famílias havia pouca escolha. Ou sofriam os abusos dos donos das terras, ou da volante, ou dos cangaceiros. Era bem difícil viver em paz. A melhor saída era mesmo viver dentro do cangaço, onde pelo menos se morria lutando.

A obra de Cariry recria o ambiente do sertão na beleza da caatinga, com sua secura e crueza. Os diálogos são cheios de poesia, apesar de toda a carga de violência que a vida mesma apresenta. É uma jornada épica das gentes em luta e em fuga, na qual a vida vem e vai e a morte se apresenta em cada passo do caminho. Uma tortuosa façanha que apesar de brutal está eivada de esperança, misticismo e fé.

Chico Diaz no papel de Corisco está insuperável. Impossível se pensar outro rosto para esse personagem. E Dira Paes faz uma maravilhosa Dadá

No bando, Dadá acabou virando a costureira do grupo e é ela a responsável por todo o figurino que hoje conhecemos dos cangaceiros. Corisco ficou conhecido como um dos mais violentos cangaceiros do sertão. Morreu numa emboscada da volante de Zé Rufino em maio de 1940, dois anos depois da morte de Lampião. Dadá sobreviveu e morreu em 1994, com 78 anos. 

O filme, imprescindível para se conhecer a alma do sertanejo e a realidade brasileira, está livre no Youtube. É uma lindeza.

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