Lúcifer


Sou de um tempo em que a família toda se reunia para ouvir a novela do rádio. A gente almoçava, lavava a louça e depois ficava todo mundo diante do rádio para acompanhar a saga dos heróis românticos. “O egípcio”, ah, que novela, ambientada na terra dos faraós. Radamés era o mocinho, sempre as voltas com intrigas e lutas. Ou então “Eu compro essa mulher”, um drama quase mexicano de amor e tramoias. A novela era a aventura de todo dia. Quando chegou a televisão, os folhetins do rádio, que nós imaginávamos, tomaram corpo e vinham com imagens. Foi quando comecei a gostar das séries, que eram uma espécie de novela, só que com episódios com começo, meio e fim, nele mesmo. Parecia mais legal. E as tramoias se resolviam rápido. Desde o “vigilante rodoviário” sou uma aficionada, sempre enredada em alguma dessas histórias.

A última que me tomou é Lúcifer, divertida série de fundo teológico que se mistura com a loucura dos nossos tempos, e ao cotidiano policial. Na história, o portador da luz, o anjo caído, Lúcifer, deixa o inferno e vem para Los Angeles, disposto a confrontar seu pai mais uma vez. Com ele vem um demônio, fiel escudeiro. Mazikeen. A série trata então das aventuras de Lúcifer buscando punir criminosos e ao mesmo tempo encontrar o caminho de volta para o céu.

A proposta teológica é bem interessante já que coloca deus como um pai intransigente e incapaz de perdoar. Aparece até uma “mãe de todos os homens”, supostamente a mulher de deus, que também foi enviada ao inferno por querer ter o mesmo poder que deus. É um enredo inteligente, sagaz, divertido e instigante. Como gosto de teologia, vou me encantando com as propostas da série, que conta ainda com um maravilhoso irmão de Lúcifer, o anjo Amenadiel.

O ator que faz o Lúcifer, Tom Ellis, é inglês e é adorável, muito adequado ao personagem. Mas a criatura que me fascina mesmo é Maze, a que personifica o demônio. É rude, terna, má, bondosa, amiga, fiel, traiçoeira, tudo ao mesmo tempo. Creio que nunca vi um demônio tão bem caracterizado. Sua história é a busca por ser amada, apesar de ser quem é. Sublime e fascinante. A atriz é Lesley-Ann Brandt, uma sul-africana absolutamente linda e fenomenal na caracterização do personagem. E, em quase todos os episódios, me leva às lágrimas.

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