O cidadão ilustre


O cidadão Ilustre é um filme que pode transitar ente a comédia e a reflexão. Conta a história de um escritor famoso, ganhador do Premio Nobel de Literatura, que aceita passar três dias na sua cidade natal, de onde saíra há 40 anos. Chegado lá, ele participa de uma série de atividades culturais que vão causando desconforto e rancores. Ao longo do filme, vamos percebendo que toda a obra do escritor baseou-se na vida das pessoas da pequena cidade interioriana e sua chegada depois de tanto tempo provoca um verdadeiro furacão de emoções.

O escritor encontra amigos de infância e também seu primeiro grande amor e a trama vai se desenvolvendo num ritmo lento e sufocante, tal qual a cidade volta a aparecer para o personagem. Dali ele saíra ainda bem jovem justamente por não suportar o provincianismo, e é com ele que se depara a cada momento.

Tentando trazer alguma discussão sobre a arte e a cultura ele se depara com a rudeza das relações baseadas no poder e na ignorância. E para completar ainda se envolve com uma jovenzinha que depois vai saber ser a filha da mulher que ele deixou ali para se aventurar na vida de escritor. Tudo isso vai dando pano para manga para uma esperada tragédia.

Como quase todo filme argentino, o trabalho é um primor. Sem contar o cenário que apresenta a paisagem típica do interior argentino. Foi exibido no Festival de Veneza 2016, do qual saiu com o prêmio de melhor ator para Oscar Martínez, que faz o personagem do escritor. O longa-metragem é dirigido pela dupla Mariano Cohn e Gastón Duprat e é profundamente incômodo, instigante e universal.

Vale ver.

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