O sol do meio-dia


O filme de Eliane Caffé, produzido em 2010, é de uma belezura sem fim. Primeiro que ele é todo rodado no estado do Pará, mostrando partes de um Brasil que muito poucas vezes se vê na tela grande. Depois, porque mostra um bailado extraordinário de atuação, com dois grandes atores brasileiros: Luis Carlos Vasconcellos e Chico Diaz. É definitivamente muito bom de se ver. São gigantes.

A história nada de tem de original, mas nos pega justamente por traduzir o Brasil real, interiorano, nortista. Dois homens na luta cotidiana pela vida e o amor pela mesma mulher. Um deles (Vasconcellos) é um sujeito atormentado que acabou de sair da cadeia depois de ter cometido um crime. E o outro (Diaz) um malandro brasileiro típico que vive fazendo malabarismo para se manter vivo numa realidade de miséria e de opressão. Juntos eles embarcam rio acima numa jornada que vai enveredando para a tragédia.

Nos caminhos dessa vida marginal, eles encontram Ciara em busca da filha. Cada um a seu modo, se apaixona. Artur, fugindo, por não se sentir digno e Matuím, direto e certeiro, querendo simplesmente um amor. No andar da história impossível não se apaixonar por esse macunaímico desastrado interpretado magistralmente por Chico Diaz e a gente vai até o fim torcendo por ele. É um sobrevivente que nos desperta a mais profunda ternura.

Mas, o coração de Ciara bate por Artur, até que venha o desenlace. O filme tem alguns vazios de narrativa, mas nos carrega. O final parece abrupto, é cru e sem doçura. Mas, não poderia ser diferente, considerando a vida pesada dos trabalhadores desses cantões do Brasil.

De qualquer forma é um filme para se ver. Uma ou mais vezes. Encantando-se com Matuím, esse valente, que mesmo na mais pura agonia encontra força e graça para seguir em frente, saltitando como um Pererê. 

O filme está livre no Youtube.

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